Pode-se dizer que, na Grã-Bretanha, o modernismo só veio a ser mais amplamente aplicado ao paisagismo a partir de John Brookes (1933-2018), na década de 1960. Até então predominava o estilo naturalista nos jardins ingleses, com formas mais orgânicas e composições de plantas aparentemente criadas de maneira aleatória, visando simular a natureza.
Exerceram grande influência sobre John Brookes, além do arquiteto paisagista Christopher Tunnard, que, já nos anos 30, insistia que se introduzisse o modernismo no paisagismo, Sylvia Crowe (com quem Brookes trabalhou nos anos 50) e Geoffrey Jellicoe, ambos adeptos do estilo e estética inspirados no neoplasticismo - movimento de arte abstrata surgido em 1917 que advogava o uso de linhas retas, formas geométricas e cores primárias, e cujo expoente máximo foi o pintor holandês Piet Mondrian.
John Brookes tornou-se o mais conhecido paisagista britânico a aplicar princípios abstratos a jardins, priorizando a forma, e seus trabalhos evidenciam a influência da estética neoplasticista. Um dos seus mais destacados projetos, elaborado em 1964 para o pátio da Penguim Books no aeroporto de Heathrow, assemelha-se a uma pintura de Mondrian, com os diferentes módulos transformados em áreas de piso, gramado, fonte e canteiros:
Layout do pátio da Penguim Books. Fonte: Google
Pátio da Penguim Books. Fonte: Google
Em 1962 obteve sua primeira medalha de ouro no Chelsea Flower Show – o primeiro jardim na história da prestigiada exposição a ser criado com foco em seu aspecto formal, e não como uma grande mostra de flores. Foi medalhista de ouro mais quatro vezes na década de 1970, e, com o premiado jardim que criou para o Chelsea Flower Show de 1972, passou a ser considerado o precursor da tendência nacional de se usar o jardim para o lazer e a sociabilização. Para Brookes, um jardim era muito mais do que apenas um espaço para se cultivar flores. Deveria ser uma extensão usável da casa - conceito criado por ele e apresentado em seu primeiro livro, Home Outside.
Chelsea Flower Show 1962. Fonte: Google
John Brookes é frequentemente citado como um dos mais influentes paisagistas no mundo. Seu prestígio e renome advêm não apenas dos mais de 1.200 jardins criados ao longo de 50 anos na Grã-Bretanha e em várias outras partes do globo, mas também como autor de mais de 30 livros sobre paisagismo, como professor e conferencista.
Jardim na Patagônia. Fonte: http://www.johnbrookes.com
Entre os seus projetos considerados marcos incluem-se, além do pátio da Penguim Books, mostrado acima, o English Walled Garden, no Jardim Botânico de Chicago, e o Palácio e Parque Zespol, na Polônia.
English Walled Garden – Jardim Botânico de Chicago. Fonte: http://my.chicagobotanic.org
Em 2004, Brookes recebeu o Prêmio de Distinção da renomada American Society of Professional Landscape Designers (Associação Americana de Paisagistas Profissionais).
E, coroando as suas muitas e grandes realizações, ainda em 2004 a rainha Elizabeth II concedeu-lhe um MBE (Membro da Ordem do Império Britânico), título dado àquele que é excepcional em determinada área.
Vitoria Davies
Obs.: Adaptado de artigo que escrevi para o blog Jardim Cor em 2016.
Adorei o post!